
Lourenço Bray – Consultor


Uma das coisas que me dá esperança nos “covideiros” é o serem aparentemente imunes a estatística e à compreensão do risco que correm com a covid-18 comparado com outros riscos e doenças.
Se dessem um centésimo da atenção a esses riscos vivíamos numa sociedade onde eramos forçados a fazer exercício físico e a comer uma dieta estabelecida pela Direcção-Geral da Saúde. Não haveria doces, fritos, tabaco, álcool, a não ser no mercado negro. Os obesos seriam enviados para campos de treino – para bem deles. O ensino seria permanentemente online, assim que as mães “covideiras” percebessem a existência de meningites, ou como a gripe é mais perigosa para crianças e jovens do que a covid-19.
Os doentes ficariam sempre isolados, sem visitas. Os automóveis proibidos de circular acima de 30 km/h, para segurança de todos, e os motociclos simplesmente proibidos, assim como barcos de recreio “não essenciais”, porquanto os outros apenas colocam pressão nos sistemas de socorro a náufragos.
As florestas seriam proibidas no tempo seco, e a população a viver em zonas de incêndios seria realojada para bairros sociais seguros. Um obeso, um fumador ou um irresponsável que se partisse todo a fazer skate, pagaria do seu bolso a factura da saúde, que era para aprender.
Viveríamos rapidamente numa sociedade com máscaras, luvas e purificadores de ar, e desconto no seguro de saúde por implementar medidas, e fazer todos os meses análises a tudo.
Para viajar não bastava estar covid-free. Teríamos de fazer testes a todas as doenças transmissíveis, e toda a informação estaria num prático passaporte com tecnologia da Google.
Era este o futuro covideiro, uma opressão permanente, mas com escapes permitidos pelas autoridades, desde o Dia da Praia – em que se deixava as crianças correr risco de afogamento e de cancro da pele – até ao Dia da Liberdade – em que autorizavam aglomerados de pessoas a celebrar os 25 de Abril ou datas similares.
Mas felizmente, não me parece. A morte e doença continuará a ser uma abstração, e o foco da consciência, do medo e dos comportamentos dos covideiros continuará a ser ditado por medidas sem aderência real a qualquer sombra de proporcionalidade e realismo.