Pedro Almeida Vieira | Engenheiro Biofísico e Economista
Por via de influencers sanitários, grande parte deles médicos, foi sendo fomentado um estado psicológico na sociedade que redundou num paradoxal paroxismo colectivo: por medo da covid-19, muitas pessoas fugiram do único local que as poderia salvar em caso de doença súbita ou crónica, mesmo quando os sintomas indicavam risco de morte muitíssimo superior à causada pelo SARS-CoV-2. Ou seja, em determinados períodos, bem definidos, e sobretudo por causa de “apelos alarmistas”, muitas pessoas fugiram literalmente dos hospitais por medo e pânico. Preferiam “aguentar” em sofrimentos em casa do que irem ao hospital. Resultado: não se salvaram vidas; mataram-se pessoas.
Indivíduos como Gustavo Carona, Filipe Froes, Carlos Antunes, Ricardo Mexia, e outros que tais, mais não fizeram, durante meses, do que, aproveitando-se da falta de transparência na informação do Estado, criar ficções catastrofistas em torno da pandemia. E isto sabendo eles, ou pouco se importando se era verdade, que os serviços clínicos destinados à covid-19, mesmo com alguma pressão, nunca estiveram saturados, em praticamente todos os hospitais e em todos os momentos. Pode ter havido colapso – e houve -, mas sobretudo por problemas de gestão, de logística e de planeamento político.
Como azeite em água, a verdade revela-se. Com o surgimento de alguma informação, ainda escassa, das taxas de ocupação das enfermarias-covid e das UCI-covid durante a pandemia, mostra-se finalmente que aquelas pessoas apenas mentiram, mentiram, mentiram. Estiveram a soldo de uma Narrativa.
E não satisfeita, foi esta gentinha acicatando as hostes sobre quem contrapunha sobre a necessidade de olhar para a pandemia numa óptima global de Saúde Pública e de gestão de recursos. Fizeram isto com dolo, com coordenação, com clara e evidente intenção. Esta gentinha olhou apenas para o umbigo: e sente-se satisfeita. E dorme satisfeita, recolhendo “louros” e outras prebendas. Pouco lhes importam as mortes que indirectamente causara.
Este efeito de fuga aos hospitais – que chamarei Efeito Carona, em “homenagem” ao anestesiologista Gustavo Carona -, é muito visível nos gráficos que apresento da evolução da afluência ao Hospital Pedro Hispano, onde o dito exerce. A afluência mensal nas urgências pré-pandemia rondava as 7.175 visitas. Existem neste hospital dois períodos de claro Efeito Carona (pelo menos um deles fomentando pelo dito Doutor Carona): entre Março e Maio de 2020 (visitas ficaram abaixo das 6.000) e sobretudo a partir de Novembro de 2020 com um período de maior quebra em Fevereiro de 2021. Neste último mês, com apenas 4.615, as visitas totalizaram apenas 70% da média dos quatro anos anteriores. Em Janeiro, que teve uma intensa vaga de frio, as urgências do Pedro Hispano tiveram uma quebra de 20%.
Quantas das pessoas de Matosinhos e arredores que fugiram com medo às urgências terão morrido por causa das suas declarações de Sua Excelência o Doutor Full HD?