Quinta-feira, Dezembro 5, 2024
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O bullying é para os fracos. É urgente a soberania – Sandra Celas

Sandra Celas | Actriz

Vivemos tempos extraordinários. 

Tempos em que o impensável está a ser implantado por uns, perante o silêncio e passividade de muitos. Os supostos arautos de defesa da liberdade no nosso país, PCP e BE, permanecem mudos perante a instalação de um apartheid sanitário e de outras medidas que deviam, há muito, ter originado alarme. Alarme esse que até já soou pela boca de muitos cidadãos, alguns deles com grande peso, impacto e responsabilidade social, mas ainda assim a insanidade prossegue e, pior, está a tomar proporções intoleráveis. O silêncio é de demasiados e é ensurdecedor… O que o nosso e outros governos estão a fazer aos seus cidadãos chama-se bullying. E nós criticamos todos, o bullying, certo? 

Circulou até há bem pouco tempo uma campanha de sensibilização para essa “chaga social” com caras bem conhecidas do nosso panorama artístico! No entanto, o estado está a realizar o que tanto critica; está a fazer bullying sobre a população, a exercer literalmente chantagem sobre todos nós! 

Nem que seja pelos filmes policiais a que assistimos, todos aprendemos que não podemos ceder à chantagem, pois o chantagista vai sempre abusar mais e mais de quem aceita as suas imposições. Se, por exemplo, eu tivesse escolhido ser vacinada, estaria, neste momento, piursa (palavra que já quase ninguém usa, mas eu adoro!) com a criação deste “certificado digital”, porque afinal a minha decisão não teria sido fruto de uma livre escolha, mas da pressão e coacção por parte das “autoridades”. 

By the way, estou para perceber como vão reenquadrar estas medidas de exclusão e segregação oficiosas na disciplina de cidadania, e ensinar o que é respeito pelas escolhas individuais de cada um, e a aceitação das minorias! 

Ora, perante este cenário de retrocesso civilizacional, estamos todos a ser chamados a exercer algo que dávamos por adquirido: a nossa soberania! Resta-nos, portanto, os tribunais, que temos visto, ainda defendem e se apoiam na Constituição, e o exercício dessa soberania individual. 

Ouço gente queixar-se destas medidas, muitos até, para meu grande espanto, a ponderar levar a injecção, mesmo se não acreditam minimamente na sua eficácia e segurança, apenas para poderem fazer tudo aquilo a que tinham natural direito antes da “pandemia”! Contudo, nada nos garante que o chantagista não invente uma outra coisa a seguir – aliás, a Pfizer tem uma 3ª dose que começou a ser já aplicada em Israel – e assim lá vão as pessoas vendendo a alma ao diabo, fazendo do Fausto de Goethe um clássico ajustado à actualidade. Subvertendo tudo aquilo que, antepassados de coragem se esforçaram por salvaguardar! Deitando por terra actos de pessoas como Mandela, Martin Luther King, Ghandi, Salgueiro Maia, e todos os outros que se sacrificaram para que hoje, a Humanidade (ou parte dela), pudesse ter liberdade e liberdade de escolha! 

Perante este cerco à dignidade humana, exercer a nossa soberania, mais do que um direito, é um dever, e urgente! É urgente resgatar essa condição com a qual já nascemos e manifestá-la na prática. Mas não tenhamos dúvidas, que isso vai implicar, muito provavelmente, sair de uma certa zona de conforto. Vai pois! Nada comparado com o desconforto que a brava Rosa Parks deve ter sentido quando se recusou a levantar do “assento reservado para brancos” no autocarro em que seguia, desrespeitando a lei em vigor na altura. Cada um terá os seus limites, mas não vai poder fugir a isso! 

Eu já tracei a minha linha na areia há muito. Estou preparada para não frequentar restaurantes por um tempo, ou gastar o meu dinheiro naqueles que resolvam não pactuar com esta inadmissível e inconstitucional segregação. Estou pronta para abdicar das minhas férias às Seychelles, de prescindir de ir a um espectáculo – e tanto que me custa! –, ou de quando molestada pela polícia, tirar o tempo e a paciência para explicar-lhes os direitos que me assistem em vez de acatar simplesmente ordens bacocas, como de resto, já tive de o fazer. 

Se isso me agrada? Não. Se me apetece? Não. Se o farei? Sim! Faço-o porque o que está em jogo é algo muito maior do que eu. Está em causa o mundo em que quero viver e desejo deixar ás gerações futuras, à minha filha. Um mundo onde cada vez mais se respire a Igualdade, a Fraternidade e a Liberdade, valores que infelizmente não foram assimilados no passado, e se perderam em revoluções desvirtuadas pelos Homens.

Hoje já não temos de lutar pela liberdade nos mesmos moldes que os nossos ancestrais: eles o fizeram por nós, deixando-nos cartas de direitos humanos, códigos de Nuremberga e Constituições! Está tudo firmado pelo fogo da escrita! A nós cabe-nos exercer essa liberdade, alimentá-la e ensiná-la aos mais jovens. Eis é a mais valiosa lição de humanidade e cidadania que lhes podemos deixar.

Eu sou soberana. 

Tu és soberano.

Nós somos soberanos. 

Vos sois e eles são soberanos.

Certificado é o gado, pois pertence a alguém. Nós somos cidadãos livres e de pleno direito! 

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