Pedro Almeida Vieira | Economista e Engenheiro Biofisico
Pergunto-me se Fernando Esteves & seus muchachos do Polígrafo têm consciência da indigência científica (e estatística) que espraiam sempre que se debruçam sobre a pandemia.
Como é apanágio dos supostos jornalistas e estagiários do Polígrafo, a Matemática e a Estatística são ciências esotéricas, tanto assim que ainda há dias a editora Cláudia Arsénio mostrou não saber que o número 118 é superior ao 112. Também no ano passado, o Polígrafo brindou-nos com uma análise em que traduziu “median” para média quando, na verdade, deveria ser mediana (provavelmente sem sequer desconfiarem que existe uma diferença entre média e mediana).
Nesta senda, não surpreende assim, nesta lamentável indigência, que a redação do Polígrafo não entenda nem sequer pesquise – na Organização Mundial de Saúde (OMS), por exemplo – sobre o tempo médio de incubação da covid-19, colocando o valor de 14 dias como média (que é um valor extremo), quando, na verdade, diversos relatórios da OMS e artigos científicos (até meta-análises) apontam para um tempo de incubação em redor de 5 ou 6 dias.
Deste erro básico resulta mais uma vergonhosa análise do Polígrafo (neste caso sobre os efeitos do levantamento das restrições no Reino Unido ) que continua a escavar bem fundo o seu descrédito. Prevejo que escavem tão fundo, tão fundo, que um destes dias passem a ter a sede no outro lado do Mundo, na Austrália…
Nota: As imagens 3 e 4 mostram as conclusões de uma meta-análise recente que calcula o tempo de incubação. A imagem 5 indica o tempo de incubação de acordo com um relatório da OMS.